Fabio FON

(FÁBIO OLIVEIRA NUNES) é artista experimental e pesquisador independente voltado a linguagens contemporâneas, atuando sobre arte experimental, poéticas da visualidade e arte-tecnologia. É Doutor em Artes na Escola de Comunicações e Artes da USP com pós-doutorado em Artes no Instituto de Artes da UNESP, Mestre em Multimeios (Multimídia) na UNICAMP e Bacharel em Artes Plásticas na UNESP.

[Currículo Lattes]

Nasceu em São Paulo, capital, onde vive atualmente.
Entre os anos de 2009 e 2011 viveu em Natal, Rio Grande do Norte.

TRAJETÓRIA ANO A ANO

Desde os anos 1990, Fábio Oliveira Nunes (ou simplesmente Fabio FON, fazendo de seu acrônimo, nome artístico) desenvolve experimentos nas artes, em especial, na aproximação aos novos meios. Seus experimentos iniciais possuem inclinação conceitual herdada do humor dos cartuns, já que o humor gráfico foi sua linguagem motriz na adolescência. Com a abertura comercial da Internet, há o interesse de investigar as possibilidades de uso da rede digital para a criação de trabalhos especialmente criados para o ciberespaço, o que leva o artista a se tornar também pesquisador – título que mantém com seguidas titulações acadêmicas e produção reflexiva no decorrer dos anos.

Em 1998, produziu o site Busarte, um repositório de experimentações artísticas para a web; em 1999, elaborou o site ONOS, onde utilizando a tecnologia (então Macromedia) Flash, simula um sistema operacional com licenças poéticas e ruídos de informação; entre 1999 e 2004, trabalhou em interfaces unicamente sonoras em diversas versões dos trabalhos Casa Escura e Cabra Cega.

No decorrer de 2000 conclui o Bacharelado em Artes Plásticas no Instituto de Artes da UNESP (Universidade Estadual Paulista), em São Paulo, tendo como trabalho de conclusão, “Web Arte no Brasil: A arte telemática criada por artistas brasileiros para a Internet”.

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Em 2002, escreve diversos artigos relacionados com a pesquisa “Web Arte no Brasil” em publicações da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), Faculdade Cásper Líbero e outros espaços. Neste mesmo ano, passa a lecionar Computação Gráfica nas Faculdades Integradas de Guarulhos (SP).

Em 2003, passa a fazer parte do grupo Poéticas Digitais da Escola de Comunicações e Artes da USP. Neste ano, produz o Artéria 8, em co-organização com o poeta Omar Khouri, web site de poesia digital, com a participação de cerca de quarenta artistas e poetas de diversos meios. Ainda em 2003, defende dissertação com o tema “Web Arte no Brasil: Algumas poéticas e interfaces no universo da rede Internet”, onde discute a produção brasileira de arte para a rede Internet, no Instituto de Artes da UNICAMP.

No ano de 2004, inicia sua pesquisa em nível de Doutorado na ECA-USP, pesquisando a arte crítica dos novos meios. Neste mesmo ano, leciona no Instituto de Artes da UNESP.

Em 2006, produz a revista digital-objeto NÓISGRANDE, lançada na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de poesia e literatura, em abril. No mesmo ano, é colaborador do site Cronópios – Literatura & Arte no Plural, na seção Internet.

Em 2007, conclui sua pesquisa de Doutorado na ECA-USP sob o título “CTRL+ART+DEL: contexto, arte e tecnologia” em 10 de dezembro. Neste ano, começa a realizar uma série de trabalhos com a artista Soraya Braz, como os trabalhos Roaming e Grampo, apresentados respectivamente no II Mobilefest (SESC Av. Paulista) e na Exposição 27 Formas (Paço das Artes), ambos em São Paulo. Estes trabalhos apropriam-se de sensores de radiação eletromagnética presentes em penduricalhos para telefones celulares.

Em 2008, participa da Campus Party Brasil, considerado o maior evento de Internet e tecnologia do mundo, juntamente com a artista Soraya Braz, expondo e discutindo os trabalhos Grampo e Roaming no Campus Futuro/Mobilefest. O evento contou com a visitação de mais de 50.000 pessoas. No mesmo ano, participa do FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (Centro Cultural FIESP), em São Paulo, apresentando os trabalhos Roaming e Freakpedia (realizado com Edgar Franco).

Em 2009, passa a integrar o corpo docente do Departamento de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), enquanto professor adjunto da área de Artes Visuais e Tecnologia Digital.

Fabio FON em lançamento de “CTRL+ART+DEL” em 2010.

Em 2010, lança o livro “CTRL+ART+DEL: Distúrbios em arte e tecnologia“, através da Editora Perspectiva e FAPESP. O livro traz questões recorrentes na produção de arte tecnológica e reflexões sobre experimentações artísticas de FON. No mesmo ano, o trabalho Captas (realizado com Soraya Braz) é apresentado na Mostra SESC de Artes – São Paulo. Antes disso, Captas foi também apresentado no Mobilefest, no MIS-SP, e também em outras exposições de arte e tecnologia em Brasília, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Ainda em 2010, Fabio FON lança o projeto interinstitucional 10 Dimensões: Diálogos em Rede, Corpo, Arte e Tecnologia (UFRN-UFPB-IFRN-FAPERN), sob sua coordenação. Em dez diferentes encontros mensais, o projeto apresentou discussões e trabalhos em arte, ciência e tecnologia com a presença de pesquisadores de diferentes regiões do país, em Natal (RN) e João Pessoa (PB).

Em 2011, participa do FILE Porto Alegre e FILE São Paulo, este último com o trabalho Via Invisível. Retorna a São Paulo, deixando o seu cargo de professor da UFRN e integrando-se ao Grupo de Pesquisa cAt: Ciência, ARTE e Tecnologia, equipe sob a coordenação do Prof. Dr. Milton Sogabe (UNESP). Participa da Mostra Paradas em Movimento: Videopoéticas no Centro Cultural São Paulo, sob a curadoria de Elson Fróes, com os videopoemas Revolátil e Poemaparte II.

Em 2012, inicia pesquisa em pós-doutorado no Instituto de Artes da UNESP, em São Paulo, com o apoio da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, sob o tema “Mimetismo: Estratégia relacional em Arte e Tecnologia”. Neste mesmo ano, participa como palestrante da quinta edição da Campus Party Brasil, em São Paulo. Participa em Faro (Portugal) do ARTECH 2012 – International Conference on Digital Arts.

Fabio FON na Campus Party 2012 em São Paulo.

Em 2013, como integrante da comissão organizadora participa da concepção e produção do 4º Encontro Internacional de Grupos de Pesquisa: convergências entre arte, ciência e tecnologia & realidades mistas, evento que reuniu pesquisadores de diferentes países como Colômbia, China, Coréia do Sul, África do Sul e Brasil, no Instituto de Artes da UNESP, em São Paulo. Participa em Lisboa (Portugal) do CSO – Congresso Criadores Sobre Outras obras. O livro “CTRL+ART+DEL: Distúrbios em Arte e Tecnologia” é indicado como um dos referenciais bibliográficos para professores de artes do ensino público estadual de São Paulo, entre outros títulos que que “fundamentam e orientam a organização de exames, concursos e processos seletivos” para educadores de todo o estado.

Em 2014, lança a revista experimental Alteria, publicação que reúne diferentes faturas visuais de criadores sob um estado de alteridade: todos são pseudônimos, alteregos ou personas. Seu pós-doutorado é concluído neste ano. Ainda em 2014 faz parte da equipe de reformulação de conteúdos e proposições das Orientações Curriculares e Didáticas de Arte para a 3ª série do Ensino Médio de Escolas Estaduais de São Paulo.

Em 2015, conjuntamente com a artista Soraya Braz, desenvolve o Projeto Tractos, série de ações em regiões limítrofes da Região Metropolitana de São Paulo com o objetivo de criar mapas tátil-sonoro-interativos em colaboração com os viventes destas regiões. O projeto é apoiado pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria Estadual da Cultura de São Paulo.  No primeiro semestre deste ano participa do ARTECH 2015 – 7th International Conference on Digital Arts em Óbidos (Portugal) como comunicador. Ainda neste ano, é curador da mostra WebArte.BR: Experiências artísticas brasileiras na Internet, organizada pelo SESC São Paulo.

Em 2016, junto com a artista Soraya Braz, desenvolve o projeto Autômatos Poéticos – workshop-laboratório de desenvolvimento de experimentos de criação baseados em robôs de conversação – iniciativa premiada pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria Estadual da Cultura de São Paulo. Autômatos Poéticos é realizado inicialmente na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em São Paulo. Depois, o projeto é realizado em outros espaços, como o SESC Campinas, interior de São Paulo, e SESC Arsenal, em Cuiabá, Mato Grosso. Também em 2016, lança o livro Mentira de artista: arte (e tecnologia) que nos engana para repensarmos o mundo, com a realização de um ciclo de lançamento em regiões limítrofes de São Paulo.

Em 2017 e 2018, faz parte do laboratório de experimentação, criação e realização poética “Cooperativa da Invenção” do Centro de Referência Haroldo de Campos do museu literário Casa das Rosas, em São Paulo, lecionando e orientando projetos de participantes conjuntamente com os professores doutores Lucila Tragtenberg e Julio Mendonça.

Em 2019, retoma, com Soraya Braz, a realização do projeto Autômatos Poéticos, com nova execução no SESC Arsenal, em Cuiabá, Mato Grosso.

Fabio FON em workshop do projeto Tractos, em 2015.

Entre 2020 e 2022, durante a Pandemia de COVID-19, dedicou-se a realizar webséries voltadas a divulgação da produção artística pensada para a Internet, diante de um contexto em que toda a produção artística estava direcionada à rede; em primeiro lugar, desenvolveu a série BEM WEB ART, dedicada a obras históricas da Internet ainda disponível, em sua primeira temporada, e ainda, trazendo obras recentes criadas durante o primeiro ano pandêmico, na segunda temporada da série. Também realizou a série “Falas da web arte no Brasil”, exibindo e comentando obras célebres pensadas para a Internet por importantes artistas brasileiros. Na mesma perspectiva de criação de conteúdos voltadas a divulgação de pesquisa, foi realizado o vídeo “O que é web arte?”, premiado no Programa de Ação Cultural da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, apresentando uma abordagem reflexiva da produção artística para a Internet.

Fabio FON em um dos vídeos da série BEM WEB ART, em 2020.

Em 2023, FON é curador de dois pavilhões integrantes da The Wrong Biennale – um dos maiores eventos de arte digital do mundo: VerbivocoVirtual, junto com Rodolfo Mata e Soraya Braz; A net art morreu mas passa bem, junto com Soraya Braz. Ambos os pavilhões exibiram dezenas de obras digitais de artistas de diferentes partes do mundo entre novembro de 2023 a março de 2024. No mesmo ano, enquanto artista, realiza duas obras com inteligência artificial: Mitômato e AIDOJ. Ambos os trabalhos discutem criticamente sistemas de IA disponibilizados pela Internet, problematizando suas limitações.