Soraya Braz é artista multimídia e pesquisadora de arte-tecnologia. Graduou-se em Artes Plásticas pela Escola de Comunicações e Artes da USP e possui mestrado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP.
Nasceu em São Paulo, capital, onde vive atualmente.
Entre os anos de 2009 e 2011 viveu em Natal, Rio Grande do Norte.
TRAJETÓRIA
Em 2002, Soraya Braz ingressa no curso de Artes Plásticas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Das trajetórias oferecidas pelo curso, optou pelo bacharelado em Multimídia e Intermídia. A monografia que apresentou para conclusão do curso, “ROAMING E GRAMPO: EXPERIMENTAÇÕES ARTÍSTICAS”, foi a primeira pesquisa que realizou no campo da arte-tecnologia, mais detalhada a seguir.
Em 2007 a artista apresentou sua primeira obra em arte-tecnologia durante o II MOBILEFEST – Festival Internacional de Arte e Criatividade Móvel, que aconteceu no SESC Av. Paulista. Foi o primeiro trabalho em parceria com o artista e pesquisador Fabio FON, com quem seguirá trabalhando nos anos seguintes. A obra “ROAMING”, um painel de 1 x 1 m contendo pequenos sensores luminescentes que “incendiavam” coloridas luzes ao captar as frequências emitidas por telefones celulares, objetivava tornar visível a radiação eletromagnética que trafega errante pelos espaços e pelos nossos corpos, além de lançar um olhar crítico sobre as implicações de tal situação. No mesmo processo, surgiu outro trabalho chamado GRAMPO, um painel similar com o acréscimo de emitir sons pertencentes ao mesmo contexto, os diálogos avulsos da telefonia móvel que, naquele momento, espraiavam os espaços públicos abundantemente. Este trabalho esteve presente na exposição 27 Formas, no antigo Paço das Artes ainda na USP.
GRAMPO e ROAMING ainda participaram de outras exposições. Os dois trabalhos foram exibidos na primeira edição da Campus Party Brasil, em 2008, evento que contou com mais de 50 mil visitantes. ROAMING aparece em algumas edições do FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (Centro Cultural FIESP), em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. No ano de 2011, em um evento deste mesmo festival denominado FILE PAI (Paulista Avenida Interativa), Soraya e Fábio expõem outro trabalho desta série: VIA INVISÍVEL foi uma instalação feita de grandes painéis cobertos pelos luminecentes sensores de radiação eletromagnética e expostos nas estações de metrô da Av Paulista, que tornava visível os caminhos percorridos pelas frequências dos celulares, como já abordado anteriormente.
Os artistas continuaram suas pesquisas sobre o universo de comunicação móvel, aprofundando as questões sociais inicialmente suscitadas no trabalho GRAMPO. Em 2009 surge CAPTAS, uma intervenção móvel urbana, um objeto vestível para ações em espaços públicos. Tratava-se de uma capa feita de material permeável, que em algumas leituras foi visto como uma “anti-capa”, que emitia sons ao “captar” radiações eletromagnéticas no ambiente. CAPTAS participou de ações nos espaços públicos em Natal (RN), Santa Maria (RS), São Carlos (SP) e São Paulo (SP). Em 2010 esteve na MOSTRA SESC DE ARTES 2010 – Ateliê de Ciber[costura].
Entre 2012 e 2014 Soraya Braz realizou seu mestrado, na época quando surgiram as primeiras impressoras 3D domésticas e especulações a respeito do impacto daquela nova tecnologia sobre a vida das pessoas e o modo de produção e consumo conhecidos até então. Em sua dissertação “Dos bytes aos átomos: reflexões e experimentações artísticas sobre o universo da impressão 3D”, abordou a relação dos artistas com esta tecnologia e apresentou o projeto de arte feito em parceria com Fabio FON “Deliberator”, uma reflexão poética sobre o surgimento das wiki-weapons, um uso não esperado da impressão 3D. Este trabalho desconstrói uma arma open-source criada para ser produzida em impressão 3D, a partir dos recursos de digitalização utilizados para criar objetos digitais passíveis de impressão tridimensional.
Em 2015, Fábio e Soraya desenvolvem o projeto TRACTOS, vencedor do Edital ProAC para Projetos Especiais – Moda, Artesanato e Cultura Digital, em São Paulo. Tratava-se de uma ação em arte e tecnologia desenvolvida em regiões limítrofes urbanas, da região conhecida por grande São Paulo. Os participantes eram incentivados a compreender o espaço que habitavam e colher sons do cotidiano, levando-os para o mapa criado coletivamente por eles. O resultado final era uma exposição onde os participantes do workshop apresentavam este mapa para sua comunidade, compartilhando aspectos próprios do seu local, reconhecendo-se nele. O mapa possuía recursos interativos feitos por meio de programação computacional que eram ensinados aos participantes durante o curso. Após o término do projeto, ele ainda foi realizados em outros espaços, como SESC Pompéia, SESC Vila Mariana e em Cuiabá (MT) no SESC Arsenal.
No ano seguinte, AUTÔMATOS POÉTICOS foi outro projeto desenvolvido pela dupla de artistas, seguiu o mesmo critério, aproximar um grupo de um tipo de tecnologia, modificando seu uso comum para criações poéticas. Neste projeto, aqueles que usam a palavra de forma criativa tais como escritores, poetas e demais literatos foram incentivados a criar experimentos com tecnologia de inteligência artificial utilizada para robôs de conversação. Este projeto também foi premiado e apoiado pelo ProAC Editais.
Além dos trabalhos realizados com Fabio FON, Soraya Braz produziu poemas visuais que foram publicados pela revista Artéria, importante publicação de poesia visual dos celebrados poetas, editores e colecionadores Omar Khouri e Paulo Miranda. As participações constam nas edições X e XI. Na exposição comemorativa “Artéria 40 anos”, foi exibido seu poema “Fruição / Micção”, publicado na edição número X. Também foi pré finalista no Edital de produção de games – 2016, da Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo S.A. – SPCINE, com o audiogame “EU SOU O VENTO”, voltado para deficientes visuais. Atualmente o projeto aguarda patrocínio para seguir o desenvolvimento.