Fabio FON e Soraya Braz · Intervenção móvel-urbana · 2009
Capas amarelas começam a tagarelar quando percebem o uso de telefones celulares, em trânsito pela cidade. Uma intervenção móvel-urbana provocativa para se pensar nas implicações sociais de tecnologias emergentes.
Créditos das imagens de Captas: Natal: Leandro Garcia, Igor Lucena, Gabriella Rebouças, Victor Hugo Rocha Silva, Soraya Braz e Fabio FON; São Paulo: Fabio FON, Soraya Braz e SESC-SP; Brasília: Fabio FON e Soraya Braz; São Carlos: Soraya Braz, Fabio FON e NOMADS-USP.
Captas de Fabio FON e Soraya Braz foi uma intervenção urbana em que chamativas capas amarelas começam a tagarelar ruidosamente quando percebem o uso de telefones celulares, em trânsito pela cidade. Essa ação fez uso de performers e capas plásticas constituídas de um sistema capaz de disparar conversas perturbadoras de telefone celular pré-gravadas quando percebem o uso de algum telefone celular por perto, emitindo sons de conversas intrusivas de outros falantes em locais públicos. O objetivo do projeto é discutir implicações sociais da telefonia móvel no espaço urbano. O Projeto Captas é antecedido pelo trabalho Grampo (2007). Em Grampo, um painel constituído de pequenos chips capazes de detectar o uso de telefones celulares, possui também um sistema capaz de disparar conversas pré-gravadas de falantes intrusivos quando é detectado o uso de telefones celulares por perto. Captas segue a mesma linha, buscando trazer a tona a dimensão social do uso da telefonia móvel, dos limites entre espaços públicos e privados, só que, desta vez, a proposta está solta no espaço urbano – o sistema e seu performer procura por pessoas falando ao telefone, a fim de efetivar seu objetivo existencial.
As Captas possuíram diferentes características ao logo de diferentes versões de experimentação: uma primeira versão foi baseada em uma placa controladora Arduino, um MP3 Player, saídas de áudio e sensor radiofrequência. Na versão inicial, o trabalho contou com a colaboração da dupla de artistas Sergio Bonilha e Luciana Ohira na programação do hardware – uma placa Arduino – que gerencia o sistema sonoro. Já em suas versões a partir de 2010, o trabalho passou a contar com um sensor de radiação eletromagnética exclusivamente desenvolvido para Captas, realizado pelos graduandos Jonas Damasceno e Artur Henrique do curso de Engenharia Elétrica da UFRN.
Em 2009, intervenções de Captas aconteceram na cidade de Natal, RN, com a participação de Gabriella Rebouças, Igor Lucena e Leandro Garcia e também na cidade de São Paulo, com a participação de Alexandre Mattos, Adriano Mattos e Diniz Gonçalves Jr. No mesmo ano, o projeto foi apresentado na Exposição Instituto Computacional, na Galeria Espaço Piloto (UnB) e no Museu Nacional da República, em Brasília e também no Mobilefest 2009 – Festival de Arte e Criatividade Móvel, em novembro no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo. Além disso, Captas foi selecionado no Edital Arte Tecnológica 2009 da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN).
No segundo semestre de 2010, o trabalho é apresentado na exposição ARTE-Poética-DIGITAL, durante o 5º Seminário de Arte Contemporânea da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul e também no Salão de Arte Tecnológica FAPERN, organizado pela FAPERN na Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte, em Natal, RN. É apresentado também na MOSTRA SESC DE ARTES 2010 – Ateliê de Ciber[costura], no SESC Pompéia, em São Paulo e também em uma ação organizada pelo SESC na Galeria do Rock, célebre ponto de encontro de tribos urbanas em São Paulo, com a participação de Tomás Rezende. Também em 2010 é apresentado no EXPOTEC IFRN, com a participação de Joevan Oliveira em Natal.
A última aparição de Captas acontece em outubro de 2011 como parte do projeto Territórios Híbridos organizado pelo NOMADS.USP, em São Carlos, SP, com uma ação organizada no centro da cidade paulista, com a atuação do Prof. Dr. Marcelo Tramontano e do grupo Teatro no Teatro.
Em 2023, Soraya Braz revive e ressignifica as ações de Captas a partir de um ambiente virtual multiusuário criado na plataforma Mozilla Hubs chamado de Captas City. No ambiente composto por imagens de registro entre 2009 e 2011, as ações e seus diferentes cenários urbanos são transformados em experiências caleidoscópicas. Captas City fez parte do pavilhão ‘A net art morreu mas passa bem’ da The Wrong Biennale 2023-2024.