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2025
E Deus um dia disse: “Encham-se as águas de seres vivos”. Agora, o código determina: “que no navegador pululem criaturas sem vida”.
“Gênese de Estranhos Seres sem Vida” apresenta a concepção e geração de uma série de criaturas extravagantes e meio disformes pela ação de um sopro miraculoso. Presenciamos seu surgimento e acompanhamos cada etapa de seu crescimento. Elas não têm vida, mas algo como a morte as arrebata após algum tempo, o que dá lugar para que outro ente sem vida surja.
O maravilhamento causado diante do mistério da criação é um dos grandes temas das mitologias fundadoras nas mais diversas culturas, seja pelo barro mesopotâmico, pelo milho mesoamericano ou pelo sopro divino que não tem lugar no espaço-tempo. É assustador pensar numa força que seja capaz disso. Pensar na arte como geradora de seres viventes é também uma fabulação recorrente, entre as muitas narrativas sobre autômatos ou estátuas que ganham consciência, como a Galatea de Pigmaleão ou o Comendador de Don Giovanni. O fascínio e o assombro que expressamos diante do sublime ― frente àquilo que é absolutamente grande e poderoso ― é atualizado, agora, para o conceito de sublime tecnológico, de uma nova era da estética que reflete a dominação da tecnociência de nossos dias.
Tobias Gaede
CE
Tobias Gaede é um artista visual, produtor cultural e doutorando em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Univesidade do Porto. Foi membro do Projeto Balbucio e participa do Laboratório de Investigação em Corpo, Comunicação e Arte (LICCA) na Universidade Federal do Ceará (UFC) e do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS) na Universidade do Porto. É graduado em Comunicação Social e possui mestrado na linha de pesquisa em Fotografia e Audiovisual pela UFC.