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A aproximação à linguagem do cinema é emblemática, como já dito, da busca desta linguagem em alcançar “novos tempos” pelo aperfeiçoamento da linguagem audiovisual, mas, as legendas em si – enquanto elementos desprendidos das narrativas das imagens, como marcações de tempo em formato texto – permitem um olhar interno, a alcançar a programabilidade destas faturas.
Cada um dos algoritmos desenvolvidos pelo artista interfere de uma certa maneira na convenção intrínseca a esse processo, segundo a qual o campo visual deve ser capturado por inteiro, tão simultaneamente quanto possível, de modo a produzir uma totalidade formal que corresponda à continuidade do instante. Nas regras estabelecidas por Thomaz, a imagem vai sendo criada aos poucos, com os pixels aparecendo em posições arbitrárias, de acordo com varreduras que pretendem imitar o movimento de cada um dos diversos mecanismos cronológicos que servem de modelo ao projeto.
Desta maneira, cada um dos softwares age de maneira diferente sobre imagens definidas ou capturadas por seus usuários, em seus próprios computadores. O primeiro dos softwares, Ampulheta, retira pixels do vídeo capturado por uma webcam e os redesenha na tela, de modo a compor uma imagem formada por pixels extraídos em momentos distintos. No software Metrônomo, são criadas animações do tipo timelapse – técnica que reúne fotografias capturadas em intervalos fixos e que quando reunidas, criam a sensação de aceleração no tempo. Após a exibição do timelapse, a tela é dividida, e cada metade exibe novamente o timelapse, mas com velocidades aleatórias. O processo continua até um limite definido pelo usuário, de modo que as diferenças de velocidade somam-se, e criam imagens onde cada quadrado refere-se a um momento diferente. Relógio de Pêndulo, por sua vez, desenha linhas com os pixels extraídos dos vídeos de uma webcam, reproduzindo o movimento pendular, começando pelo centro, indo até uma das extremidades, depois alcançando a outra extremidade, e, depois, retornando ao centro. E ainda, Relógio de Vela apropria-se do movimento de uma vela que encolhe, desenhando linhas horizontais, de cima para baixo, ao longo do tempo, de modo que uma linha contenha pixels anteriores aos da linha abaixo.
A experiência do tempo trazida nas obras de Andrei Thomaz dá corpo a uma linguagem algoritmica, na qual a noção de programa é tanto evidenciada quanto as preocupações sobre a imagem, sobre a composição ou outras instâncias passíveis de serem lidas frente a um experimento artístico. Em Quantas linhas são necessárias para apagar um retângulo preto? temos a expectativa do visitante na contemplação de seu tempo real, convertido no número de linhas que preenchem a tela gradualmente. O interator se depara com a condução do tempo real pelo programa. Já em Somewhere in time, temos o tempo ficcional, reprogramado pelos algoritmos do artista. Por fim, no caso de Máquinas do Tempo, ao permitir que qualquer indíviduo baixe os softwares e a partir destes, crie imagens sob a tutela dos algoritmos criados, há um reposicionamento da figura do artista; aquele que cria os instrumentos que antecedem às imagens. Nestes trabalhos, vemos o perfil de um artista-programador emergir como uma condição a ser considerada em sua plenitude.
Referências BORS, Chris.24 Second Psycho. Vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=c5NDdr7NJaw>. 2005. Acesso em 10 de novembro de 2015. Publicado originalmente em:
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