|
A Arquitetura de Navegação
do Ciberespaço
Fabio Oliveira Nunes (Fabio FON)
Arquitetura de navegação define-se como a criação
de estruturas estabelecidas por vários links que formam
um organograma com todas as páginas existentes dentro de
um mesmo site. Os hiperlinks proporcionados pela HTML são
verdadeiras "pontes de ligação" entre
o conteúdo das páginas de um site, e por meio deles,
é possível direcionar e estabelecer possíveis
caminhos ao visitante. As estruturas de navegação
não são exclusivas dos sites da Internet e a mesma
maneira de funcionamento serve também para CD-ROMs e outras
publicações em hipermídia.
Escrito nas estrelas -
O site portal latino-americano Starmedia é um exemplo
de site que disponibiliza em sua página de entrada,
um determinado número de seções que
se tornam mais específicas a cada nível. Aqui,
a partir da homepage - com alguns links que se repetem em
todas as páginas - tínhamos a disposição
uma enorme quantidade de assuntos diferentes. Ao clicar
no link "Diversão e arte", o internauta
passa a restringir as suas opções em um leque
mais restrito: agora está disponível, Cinema
e TV, Cultura, Música e Humor. Grande parte dos sites
portais possuem uma arquitetura em árvore e tornam
a procura por informações cada vez mais objetiva.
Visitado em 30 de Agosto de 2000. |
Excetuando diversos sites que colocam o mapa do site à
disposição do visitante, na maioria das vezes, a
estrutura de navegação permanece oculta e só
pode ser deduzida após algumas páginas internas
serem vistas. Os sites portais, por exemplo, possuem normalmente
um número de canais principais que se subdividem em outros
canais mais específicos conforme o volume de informação.
Um site de busca irá disponibilizar listas de endereços
em categorias gerais como educação, cultura, esportes,
economia e computadores. Dentro da categoria cultura, existirá
subdivisões mais particulares como artes plásticas,
artes cênicas, cinema, museus e literatura. Assim, na prática,
o visitante parte do mais abrangente para o mais específico
conforme vai adentrando níveis dentro do site. Esta é
a maneira mais comum de organização de conteúdos
na rede, mas não é a única.
A estrutura de um site é a responsável em estabelecer
determinadas regiões como mais importantes em relação
a outras do mesmo site. Normalmente a página de abertura
- ou simplesmente home - é um hall de entrada e retorno
ao internauta que na busca de uma determinada informação
interna, precisa retornar alguns passos para prosseguir. Nos sites
pessoais e comerciais, a página home é de grande
importância, já que possui a função
de índice e é para ela que em todas as páginas,
um link é reservado. Alguns portais utilizam-se de uma
barra de navegação padrão localizada na parte
superior de todas as páginas hospedadas em seus servidores
para facilitar o retorno ao início e acesso a outros canais
de interesse. Assim, embora seja "impossível prever
as escolhas que o usuário irá efetuar, cabendo ao
artista ou diagramador do projeto a função de traçar
caminhos permutacionais, criar pontas e pontes de acesso"
(Leão,1999:57) é por meio da designação
de uma estrutura de navegação que pode-se direcionar
mais visitas para uma determinada região ou página
do site de acordo com o interesse de quem cria.
O uso de recursos hipertextuais não é exclusivo
dos meios digitais. Muitos escritores de livros impressos utilizam-se
de recursos que tornam a leitura muito mais maleável, onde
o leitor pode aprofundar seus conhecimentos em alguns aspectos
ou simplesmente enriquecer a leitura com alguns comentários:
trata-se do uso de notas de rodapé, referências cruzadas
e glossários existentes em algumas publicações.
No caso do livro tradicional existe um texto principal com início
e término determinados e textos menores (como as notas
de rodapé, por exemplo) que ligam-se diretamente com o
texto principal em algum ponto. Traduzindo graficamente a estrutura
de um texto acadêmico teremos um caule (texto principal)
que dá a sustentação aos galhos de árvore
(textos anexos) que aprofundam ou esclarecem uma idéia.
No caso das enciclopédias, as indicações
a outros verbetes relacionados a partir de um primeiro, é
um caso tipicamente hipertextual.
Diferentemente da linearidade do livro acadêmico impresso
- que possui um elemento principal centralizador, tornando a leitura
previsível aos olhos do autor - no caso das páginas
de Internet, estabelecidos os links, nunca poderemos prever com
exatidão quais serão as escolhas do visitante já
que além dos links, ele conta também com as ferramentas
e comandos do seu programa navegador. Também deverá
ser levado em consideração, o fato de que muitos
visitantes originam-se de sites de busca (quando procuram uma
determinada palavra ou assunto) e entram em sites diretamente
na página que fora indicada no resultado da busca, não
visitando assim, a página de entrada ou qualquer outra
página antes. Embora a entrada de cada internauta seja
tão imprevisível quanto a sua saída, por
meio de alguns programas verificadores de audiência podem,
no caso da Internet, determinar pontos de fluxo de entrada e saída,
mas mesmo assim, não é uma regra que seja válida
a todos os visitantes.
Estrutura Árvore
Como já foi dito anteriormente, grande parte dos sites
comerciais e pessoais utilizam-se de uma estrutura de navegação
que parte do geral e abrangente para o particular e específico.
Normalmente, parte-se de uma página inicial que coloca
a disposição um determinado número de links
para as páginas internas. Estas por sua vez, deverão
possuir um número de links para outras páginas internas
com informação cada vez mais específica e
assim, sucessivamente. Numa representação gráfica
iremos perceber que a cada nível, o número de páginas
vai se ampliando de acordo com a segmentação do
conteúdo. Podemos chamar esse modelo de árvore -
invertida - onde quanto maior o número de páginas
entre a ramificação e a raiz, mais específico
será o conteúdo. O sistema de árvore trata
o site dentro de uma hierarquia de conteúdo. Embora esteja
aprofundando conteúdos, conforme versa a teoria do hipertexto,
é uma estrutura de organização que dificilmente
proporciona a experiência labiríntica da rede, já
que se torna muito fácil prever outros pontos do mesmo
site, e qual o caminho necessário para chegar até
ele. A navegação torna-se muito acessível
e sem grandes complicações para o usuário
comum. Porém, esta estrutura não é tão
previsível quanto a linear, onde o internauta irá
dispor - na maioria das vezes - de um botão de "anterior"
e "próximo" para visualizar na seqüência
preestabelecida uma a uma, cada uma das páginas.
Estrutura Linear
A experiência em uma estrutura linear torna-se muito mais
próxima de um livro ou de um filme: são meios tradicionalmente
lineares e que são praticamente destituídos da necessidade
de ação real do espectador. Na Internet, é
possível encontrar inúmeras galerias virtuais onde
artistas se utilizam de uma estrutura linear para a exposição
de fotografias de seus quadros ou esculturas, segundo uma lista
que poderá seguir uma ordem cronológica qualquer.
Ao visualizar a primeira imagem, o visitante irá se deparar
com um botão designado de "próximo" ou
"seguinte", que irá para a próxima página
com a imagem que segue. Dificilmente um site comercial ou pessoal
irá possuir uma estrutura puramente linear. Mesmo uma galeria
virtual que, teoricamente, procura muito mais a contemplação
do que a interação de seus visitantes, irá
no mínimo possuir uma ou várias páginas onde
seus trabalhos são colocados em categorias distintas, além
de uma página apresentando um currículo do artista.
O uso de estruturas em árvore, mesmo que reduzidas, já
se tornou um lugar comum e é um ponto de partida a todos
que desejam produzir qualquer site.
Estrutura Rede
Muito menos previsível do que os tipos de estruturas anteriores
- a linear e árvore - a estrutura em rede é a mais
labiríntica de todas elas. Embora a princípio possa
ser confundida com uma estrutura em árvore com a conexão
entre diferentes níveis equivalentes (muitos autores não
distinguem os dois tipos), a estrutura em rede é muito
mais que isso. Ela pode ser chamada também de estrutura
em terceira dimensão, já que ela se estende sob
três diferentes aspectos partindo do conceito de árvore
invertida: inicialmente, ela cresce na vertical, por meio dos
diferentes níveis; se multiplica horizontalmente , com
as ramificações de cada nível e por fim ,
estabelece ligações cruzadas entre os vários
pontos dos mais diferentes níveis do site. Esse mesmo raciocínio
de dimensão estrutural do site também pode ser utilizado
para a estrutura linear, que é uma estrutura unidimensional
devido a sua expansão só acontecer em um único
sentido e direção; e para a estrutura de árvore
que é bidimensional devido a sua expansão acontecer
em dois sentidos diferentes e simultâneos: nos aprofundamentos
de níveis e multiplicação de ramificações
em cada um dos níveis.
A navegação em rede também pode ser diferenciada
da estrutura de árvore por possuir ciclos de navegação.
Ao serem estabelecidos vários links entre diferentes pontos
de níveis equivalentes ou não, são criados
verdadeiros caminhos cíclicos que farão com que
o visitante retorne e passe várias vezes no mesmo ponto.
Quando se tratar de uma trama muito bem interligada, o usuário
comum poderá não ter uma suposta visão geral
que as outras estruturas proporcionam, mas terá um conteúdo
muito mais dinâmico e flexível. Assim, o criador
do site proporciona ao visitante a experiência labiríntica
típica da grande rede, com seus conteúdos imprevisíveis
e gigantesca multiplicidade de caminhos possíveis.
Este texto é parte integrante
do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Artes
Plásticas “Web Arte no Brasil: A arte telemática
criada por artistas brasileiros para a Internet”, realizado
sob a orientação do Prof. Dr. Milton Sogabe na UNESP
– Universidade Estadual Paulista. Esta pesquisa em nível
Iniciação Científica contou com
o apoio da FAPESP.
© Fábio Oliveira Nunes: entre
em contato.
|