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Arte via rede: galerias virtuais
Fabio Oliveira Nunes (Fabio FON)
Sem dúvida, a maioria dos sites que levam a designação
"arte" na Internet são as chamadas galerias virtuais
que normalmente disponibilizam em um mesmo site, várias
obras de arte das mais diversas técnicas e materiais -
pinturas, esculturas, objetos, instalações, entre
outras - por meio de imagens fotográficas, desenhos ou
ambientes virtuais. Geralmente estão ligadas a uma instituição
da área - museus, institutos culturais, centros culturais
e galerias de arte - ou a um profissional que seleciona um determinado
número de trabalhos para constituir um portfolio on-line.
Organizaremos de início, os sites com essas características
e seus respectivos criadores, dentro de três grupos distintos:
1.Sites de Instituições Culturais
2.Sites pessoais de artistas
3.Sites de internautas que admiram obras de arte.
No primeiro grupo - sites de instituições culturais
- existe o intuito de divulgar o acervo de obras, as exposições
que já aconteceram e aquelas que estão ocorrendo.
Para tanto, o museu ou centro cultural, disponibiliza outros dados
sobre a exposição ou artista em questão,
normalmente de caráter biográfico ou crítico,
como forma de ampliar o repertório do visitante e estimular
uma visita ao espaço real da instituição.
No segundo grupo - sites pessoais de artistas - o interesse do
artista é divulgar a sua produção pessoal,
podendo até deixar disponíveis artigos que possam
ser favoráveis na assimilação de sua obra.
Normalmente, o currículo do artista - dados pessoais e
exposições realizadas - também está
presente no mesmo espaço.
Podemos ainda determinar um terceiro grupo, constituindo-se de
sites criados por "amantes das artes" - pessoas que
admiram o trabalho de um determinado artista ou movimento artístico
- e que por essa admiração dá-se ao trabalho
de selecionar obras por meio de fotografias de catálogos
e livros de história da arte, digitalizar e colocar a disposição
de outros internautas que possuam o mesmo interesse.
As Instituições culturais e seus sites de divulgação
As instituições culturais que colocam a disposição
do público que possui acesso a rede, trabalhos de arte
de acervos e exposições já realizadas, na
maioria das vezes cumprem um papel didático no campo da
arte-educação: as seleções de imagens
sempre seguem com um texto explicativo, descritivo ou crítico
que auxiliam na assimilação das obras.
O Museu de Arte
de São Paulo (MASP), visitado em abril de 2000, disponibiliza
assim como a Pinacoteca de São Paulo (http://www.uol.com.br/pinasp
- endereço off-line), site visitado em abril de 2000, grande
parte das exposições temporárias acontecidas
no espaço expositivo das instituições. Chamadas
de "Mostras Virtuais", as exposições do
MASP na Internet divide-se segundo o tema da exposição,
conforme ocorreu no espaço do museu com textos de apoio
e conforme a programação visual relacionada ao evento.
A navegação entre as imagens selecionadas se dá
por meio da divisão de páginas ou salas - assim
como no site da Pinacoteca - que possuem em torno de cinco obras
que quando clicadas individualmente têm a imagem ampliada
e os dados relacionados. No site do MASP, além das exposições
temporárias já realizadas, o internauta também
tem acesso a parte do acervo digitalizado, num total de 120 obras
entre pinturas brasileiras, européias e das américas
- a exemplo de outros grandes museus do mundo, como o Museu do
Louvre, em Paris - que disponibiliza o seu acervo via Internet.
Algumas instituições brasileiras partem para outras
maneiras de navegar em exposições via rede, indo
além da tradicional imagem reduzida clicável com
maiores imagens e informações. O Paço das
Artes e o Itaú Cultural, ambos da cidade de São
Paulo, realizaram em 1999, a Exposição "Objeto
Anos 90", que contou com várias exposições
entre elas, "Porque Duchamp?" (http://www.ici.orb.br/EVENTO/objeto/paco1.htm
- endereço off-line) realizada no mesmo ano no espaço
do Paço das Artes. Diferentemente do que acontece em grande
parte das obras divulgadas em sites de museus, aqui os trabalhos
encontram-se fotografados na exposição propriamente
dita e o que é mais interessante: o internauta dispõe
de comandos próprios da página, voltar e avançar,
para circular entre os trabalhos (na verdade, vê-se as imagens
em seqüência). Também realizada no Paço
das Artes, a exposição "Ao
Cubo" , acessada em maio de 2000, de 1997, apresenta
um outro diferencial: teve o espaço das obras totalmente
transformado em um ambiente 3D criado em VRML (Virtual Reality
Modeling Language) onde o internauta pode "caminhar"
entre os trabalhos expostos e clicar em cada um deles para visualizar
fotografias e informações. Sem dúvida, procura
proporcionar uma experiência muito próxima do que
seria a disposição espacial de cada trabalho e a
relação visual entre eles.
O intuito de reconstituir no ciberespaço, a experiência
de adentrar uma sala com trabalhos ou mesmo uma instalação
de arte, além da VRML encontra outras soluções
na rede: um exemplo é o site da XXIV Bienal de São
Paulo (http://www.uol.com.br/bienal),
realizada em 1998, que disponibiliza muitas imagens da exposição
em 360 graus, chamadas de "Panorama", onde o internauta
vê ao redor de um ponto central de algumas salas, tudo o
que está a sua volta, podendo aproximar e afastar, acionando
comandos no teclado. Assim como nas duas exposições
realizadas no Paço das Artes, as imagens são do
espaço montado com os trabalhos e em grande parte - mesmo
aqueles que não são bidimensionais - a qualidade
da reprodução é satisfatória.
Vermelho por todos os lados
- O site da XXIV Bienal de São Paulo, oferece aos
seus visitantes, além das tradicionais imagens fotográficas,
a visualização de obras de arte através
de um aplicativo em Java - Livepicture - onde é possível
ver algumas salas da exposição em 360 graus.
O efeito, chamado de "Panorama" possibilita além
do giro em 360º, a aproximação e afastamento
da imagem (zoom in e zoom out) para melhor assimilação
de detalhes. Aqui, a instalação de Cildo Meireles,
"Desvio para o vermelho" (1967-98), onde se encontram
vários objetos, todos eles de cor vermelha. Disponível
desde 1998, no seguinte endereço: http://www.uol.com.br/bienal/24flash/panorama/pano10.htm
. Visitado em 07 de julho de 2005. |
Artistas e seus sites de divulgação
Entre sites pessoais de artistas, encontramos uma série
de semelhanças no funcionamento e navegação.
Especialmente escolhidos por serem consagrados artistas contemporâneos
brasileiros, os artistas plásticos Regina Silveira, Siron
Franco, Leonilson e Thomaz Ianelli possuem sites hospedados no
provedor brasileiro Universo On Line (UOL) onde disponibilizam
informações e imagens. Embora entre eles exista
uma grande diferença na produção artística
- todos esses sites possuem uma série de características
comuns.
Primeiro, existe a necessidade de dispor imagens que sejam representativas
de um período do artista ou de toda a sua produção
até o momento. No site
da Regina Silveira, visitado em maio de 2000, a seleção
de imagens se dá sob o link denominado como "Portfólio",
onde encontra-se a produção mais recente - dos últimos
dez anos - dentro de três categorias básicas: objeto,
instalação e obras gráficas. Escolhendo uma
categoria, o internauta é levado a uma página com
pequenas imagens de todos os trabalhos da categoria com seus respectivos
títulos. Por fim, ao clicar em uma dessas imagens, uma
outra página se abre, com uma foto maior e dados completos
do trabalho (título, material, tamanho, local e data).
Já no site
do artista plástico goiano Siron Franco, acessado em
maio de 2000, uma seleção de imagens também
está disponível sob o link "Obras". Diferentemente
do site da artista Regina Silveira, aqui não há
categorias segundo o tipo do trabalho e sim uma divisão
por salas de exibição. A divisão de salas
(indo do número 1 ao 11) é aqui utilizada como forma
de agilizar a visualização de conteúdo, pois
com um número reduzido de imagens por página, o
carregamento dos dados acontece mais rapidamente. A designação
de título e outros dados das obras só ocorrem ao
clicar uma das imagens que reproduzem as pinturas do artista.
No site
do artista Leonilson - aqui o único realizado post
mortem - acessado em maio de 2000, existe uma outra maneira de
dispor a seleção de principais trabalhos: dentro
de um texto da crítica de arte Lisette Lagnado, os trabalhos
são disponibilizados por períodos de tempo. No texto,
a produção do artista é divida em três
períodos e pequenas imagens ilustrativas são os
links para imagens maiores com reproduções das obras
com dados técnicos (título, ano, técnica,
dimensões e coleção a que pertence).
Este texto é parte integrante
do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Artes
Plásticas “Web Arte no Brasil: A arte telemática
criada por artistas brasileiros para a Internet”, realizado
sob a orientação do Prof. Dr. Milton Sogabe na UNESP
– Universidade Estadual Paulista. Esta pesquisa em nível
Iniciação Científica contou com
o apoio da FAPESP.
© Fábio Oliveira Nunes: entre
em contato.
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