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Arte via rede: galerias virtuais
CONTINUAÇÃO
Além da dispor as imagens de seus trabalhos, os sites
de artistas também podem possuir a função
de divulgar eventos onde eles - os artistas - participam. Exposições,
mesas-redondas e eventos em geral são colocados em uma
lista que é atualizada periodicamente. No site de Regina
Silveira, essa lista leva a designação de "Agenda"
e no site do artista Siron, "Exposições".
Além de ser um canal de divulgação, um site
criado para a obra de um artista pode ser também um canal
de esclarecimento do público por meio do correio eletrônico.
Vários sites de artistas como Siron Franco e Thomaz
Ianelli, colocam a disposição de todos, o endereço
de e-mail pessoal para contato. Estaria a Internet encurtando
distâncias também entre artista e público?
Nem artista, nem instituição
No Brasil, o número de páginas de Internet que abordam
trabalhos de artistas plásticos, não sendo dos próprios
artistas e nem de instituições culturais é
bem reduzido quando comparado com outros países. Normalmente,
os criadores destes sites de Internet são admiradores de
arte - seja por um ou vários artistas ou movimentos artísticos
- e que com o intuito de conhecer outras pessoas com preferências
artísticas semelhantes, selecionam um determinado número
de obras e disponibilizam em um site pessoal na Internet. Em grande
parte dos casos, esses sites não trazem somente os artistas
preferidos como também outros assuntos como esportes, carros,
música ou programas para download e não possuem
grande embasamento teórico na elaboração
de textos relacionados com a produção do artista.
Salvador Dali, Van Gogh, Michelangelo, Leonardo da Vinci, René
Magritte e outros artistas "populares" são os
mais homenageados na rede, facilmente encontráveis em qualquer
site de busca.
Sempre cabe mais um -
o site Artchive, a exemplo de vários outros que possuem
o mesmo tipo e volume de informação, cumpre
um papel imprescindível para o estudo da história
da arte: torna disponível inúmeras imagens
de artistas e movimentos artísticos mais conhecidos
desde os renascentistas aos modernos, organizadas em ordem
alfabética. Não pode ser considerado uma galeria
virtual convencional (apesar de possuir todas as características
para tanto) já que seu intuito é didático,
não existe uma intenção de apreciação
de obras e tudo é voltado para o provimento de informações
sobre os artistas. Como recursos, possui a visualização
de determinadas obras em tela cheia e a possibilidade de
ver sob diferentes tamanhos. Na figura, uma das páginas
dedicadas ao artista Cornelis Escher, com a litogravura
"Ascending and Descending" de 1960 e no frame
localizado à esquerda, a extensa lista de nomes de
artistas e movimentos artísticos disponíveis
para consulta no site. Visitado no dia 02 de Maio de 2000,
no seguinte endereço: http://artchive.com/ftp_site.htm
. |
Mona Lisa não é mais aquela
Embora esses grupos de sites, apresentem inúmeras diferenças
como os objetivos, números de obras expostas, presença
de artigos e obras relacionadas, links com outros sites de arte
e outras características individuais, todos eles partem
de um mesmo princípio: fazer referência a um objeto
de arte que se encontra fora da Internet e que existe independentemente
da rede. Nenhum dos sites que aqui foram tomados como exemplo
são sites de Web Arte - uma arte produzida especialmente
para a Internet. Assim, tomamos por exemplo, a famosa Mona Lisa,
de Leonardo da Vinci encontrada no - igualmente famoso - Museu
do Louvre, em Paris e na Internet: é certo que ao encontrarmos
no site do Louvre
o conhecido retrato, não estaremos diante daquela
obra e muito menos estaremos vendo um novo trabalho artístico.
Trata-se somente de um registro fotográfico, que provavelmente
foi digitalizado e disponibilizado na rede. E como toda reprodução
fotográfica, existem várias perdas de informação
que atrapalham a assimilação de algumas características
da obra: quem já viu a Mona Lisa de perto garante que ela
é normalmente imaginada muito maior do que é na
realidade.
Do que ri Gioconda? -
O museu mais conhecido do mundo disponibiliza inúmeras
obras de diversos períodos históricos - desde
conhecidas pinturas européias até o que foi
produzido na antigüidade, pelos egípcios, gregos
e orientais - em seu site na Internet em quatro idiomas
(inglês, francês, japonês e espanhol)
e gratuito a todos os internautas do planeta. O Museu do
Louvre, também conhecido como "a casa da Mona
Lisa", além de seu extenso acervo, também
mostra roteiros de visitas em vídeo e vende ingressos
na rede, mesmo para aqueles que não se encontram
na França. Na figura, a conhecida Mona Lisa (1503-1506)
de Leonardo da Vinci (1452-1519) com seus respectivos dados
(nome completo do autor, nome da obra, data, dimensões
e número no acervo) e breve texto explicativo, como
é de praxe em alguns sites de museus virtuais. Disponível
em http://www.louvre.fr
. Visualizado em 11 de Maio de 2000. |
Se é certo que as representações digitais
de obras físicas não substituem as mesmas e nem
podem ser consideradas como novos trabalhos artísticos,
por outro lado, elas são imprescindíveis - assim
como as publicações impressas - para a difusão
(de informação) das artes para o grande público.
Afinal, se são poucos os que tem acesso a leitura de publicações
de arte, são pouquíssimos, aqueles que tem a oportunidade
de conhecer os museus de todo o mundo.
Assim, os sites de divulgação, segundo a definição
de Gilbertto Prado - as galerias, museus e exposições
virtuais - funcionam basicamente como um canal de informação
e divulgação, semelhante a todos os outros existentes
na rede, tendo um diferencial de conteúdo: a necessidade
de grande número de imagens. Diferentemente da Web Arte,
aqui não temos trabalhos artísticos nem experiências
que levam em consideração a linguagem do meio e
sim somente referências a trabalhos que existem independentemente
da Internet.
Este texto é parte integrante
do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Artes
Plásticas “Web Arte no Brasil: A arte telemática
criada por artistas brasileiros para a Internet”, realizado
sob a orientação do Prof. Dr. Milton Sogabe na UNESP
– Universidade Estadual Paulista. Esta pesquisa em nível
Iniciação Científica contou com
o apoio da FAPESP.
© Fábio Oliveira Nunes: entre
em contato.
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