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2000

FÁBIO OLIVEIRA NUNES







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Arte via rede: galerias virtuais


CONTINUAÇÃO

Além da dispor as imagens de seus trabalhos, os sites de artistas também podem possuir a função de divulgar eventos onde eles - os artistas - participam. Exposições, mesas-redondas e eventos em geral são colocados em uma lista que é atualizada periodicamente. No site de Regina Silveira, essa lista leva a designação de "Agenda" e no site do artista Siron, "Exposições". Além de ser um canal de divulgação, um site criado para a obra de um artista pode ser também um canal de esclarecimento do público por meio do correio eletrônico. Vários sites de artistas como Siron Franco e Thomaz Ianelli, colocam a disposição de todos, o endereço de e-mail pessoal para contato. Estaria a Internet encurtando distâncias também entre artista e público?

Nem artista, nem instituição


No Brasil, o número de páginas de Internet que abordam trabalhos de artistas plásticos, não sendo dos próprios artistas e nem de instituições culturais é bem reduzido quando comparado com outros países. Normalmente, os criadores destes sites de Internet são admiradores de arte - seja por um ou vários artistas ou movimentos artísticos - e que com o intuito de conhecer outras pessoas com preferências artísticas semelhantes, selecionam um determinado número de obras e disponibilizam em um site pessoal na Internet. Em grande parte dos casos, esses sites não trazem somente os artistas preferidos como também outros assuntos como esportes, carros, música ou programas para download e não possuem grande embasamento teórico na elaboração de textos relacionados com a produção do artista. Salvador Dali, Van Gogh, Michelangelo, Leonardo da Vinci, René Magritte e outros artistas "populares" são os mais homenageados na rede, facilmente encontráveis em qualquer site de busca.

Sempre cabe mais um - o site Artchive, a exemplo de vários outros que possuem o mesmo tipo e volume de informação, cumpre um papel imprescindível para o estudo da história da arte: torna disponível inúmeras imagens de artistas e movimentos artísticos mais conhecidos desde os renascentistas aos modernos, organizadas em ordem alfabética. Não pode ser considerado uma galeria virtual convencional (apesar de possuir todas as características para tanto) já que seu intuito é didático, não existe uma intenção de apreciação de obras e tudo é voltado para o provimento de informações sobre os artistas. Como recursos, possui a visualização de determinadas obras em tela cheia e a possibilidade de ver sob diferentes tamanhos. Na figura, uma das páginas dedicadas ao artista Cornelis Escher, com a litogravura "Ascending and Descending" de 1960 e no frame localizado à esquerda, a extensa lista de nomes de artistas e movimentos artísticos disponíveis para consulta no site. Visitado no dia 02 de Maio de 2000, no seguinte endereço: http://artchive.com/ftp_site.htm .

 

Mona Lisa não é mais aquela


Embora esses grupos de sites, apresentem inúmeras diferenças como os objetivos, números de obras expostas, presença de artigos e obras relacionadas, links com outros sites de arte e outras características individuais, todos eles partem de um mesmo princípio: fazer referência a um objeto de arte que se encontra fora da Internet e que existe independentemente da rede. Nenhum dos sites que aqui foram tomados como exemplo são sites de Web Arte - uma arte produzida especialmente para a Internet. Assim, tomamos por exemplo, a famosa Mona Lisa, de Leonardo da Vinci encontrada no - igualmente famoso - Museu do Louvre, em Paris e na Internet: é certo que ao encontrarmos no site do Louvre o conhecido retrato, não estaremos diante daquela obra e muito menos estaremos vendo um novo trabalho artístico. Trata-se somente de um registro fotográfico, que provavelmente foi digitalizado e disponibilizado na rede. E como toda reprodução fotográfica, existem várias perdas de informação que atrapalham a assimilação de algumas características da obra: quem já viu a Mona Lisa de perto garante que ela é normalmente imaginada muito maior do que é na realidade.

Do que ri Gioconda? - O museu mais conhecido do mundo disponibiliza inúmeras obras de diversos períodos históricos - desde conhecidas pinturas européias até o que foi produzido na antigüidade, pelos egípcios, gregos e orientais - em seu site na Internet em quatro idiomas (inglês, francês, japonês e espanhol) e gratuito a todos os internautas do planeta. O Museu do Louvre, também conhecido como "a casa da Mona Lisa", além de seu extenso acervo, também mostra roteiros de visitas em vídeo e vende ingressos na rede, mesmo para aqueles que não se encontram na França. Na figura, a conhecida Mona Lisa (1503-1506) de Leonardo da Vinci (1452-1519) com seus respectivos dados (nome completo do autor, nome da obra, data, dimensões e número no acervo) e breve texto explicativo, como é de praxe em alguns sites de museus virtuais. Disponível em http://www.louvre.fr . Visualizado em 11 de Maio de 2000.

 

Se é certo que as representações digitais de obras físicas não substituem as mesmas e nem podem ser consideradas como novos trabalhos artísticos, por outro lado, elas são imprescindíveis - assim como as publicações impressas - para a difusão (de informação) das artes para o grande público. Afinal, se são poucos os que tem acesso a leitura de publicações de arte, são pouquíssimos, aqueles que tem a oportunidade de conhecer os museus de todo o mundo.

Assim, os sites de divulgação, segundo a definição de Gilbertto Prado - as galerias, museus e exposições virtuais - funcionam basicamente como um canal de informação e divulgação, semelhante a todos os outros existentes na rede, tendo um diferencial de conteúdo: a necessidade de grande número de imagens. Diferentemente da Web Arte, aqui não temos trabalhos artísticos nem experiências que levam em consideração a linguagem do meio e sim somente referências a trabalhos que existem independentemente da Internet.

Este texto é parte integrante do Trabalho de Conclusão do Curso de Bacharelado em Artes Plásticas “Web Arte no Brasil: A arte telemática criada por artistas brasileiros para a Internet”, realizado sob a orientação do Prof. Dr. Milton Sogabe na UNESP – Universidade Estadual Paulista. Esta pesquisa em nível Iniciação Científica contou com o apoio da FAPESP.
© Fábio Oliveira Nunes: entre em contato.

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